domingo, 18 de abril de 2010

Renúncias - Mir, OK

Originalmente publicado em 4 de fevereiro de 2008.

ATENÇÃO - este post possui conteúdo erótico. Antes de lê-lo, recomendo que leia o Introito

Hoje ele me olhou de uma forma diferente. Como de costume todos foram embora e nós ficamos conversando sobre nossa semana, sobre tudo, e ele estava tão sorridente quanto sempre. Ele se levantou para pegar alguma coisa na mochila dele, que estava na cadeira da secretaria, e eu continuei sentado na cadeira da mesa redonda da sala de computadores, onde costumávamos ficar conversando. Continuei contando coisas sobre a semana, como ela tinha sido estressante, e senti que ele voltava pra sala onde eu estava.
Ao invés de se sentar de novo, ele parou atrás de mim e colocou as mãos nos meus ombros. Eu emudeci. Ele apertou cada ombro levemente e aquele toque, depois de tanto tempo, fez-me relaxar mesmo. Olhei pra trás, sobre os ombros, e ele tirou as mãos e recuou uns passos. Eu disse: “Começou, vai ter que ir até o fim!” E ele deu aquele sorriso maroto dele, daqueles de derreter a gente. “Deixa pra lá, vai.”, ele disse. Ao que eu retruquei “Desculpa por ter insistido. Foi um momento gostoso.” E ele se sentou. Eu ainda sentia o calor do aperto dele nos meus ombros e decidi me levantar para ver se aquele peso saía de lá. Ele tinha ficado envergonhado do que fizera. E eu achei que talvez fosse melhor mostrar pra ele que não tinha sido ruim. Parei atrás dele e fiz o mesmo gesto. Porém percebi que diferente de mim que relaxei, a tensão dele parecia aumentar. “É melhor não...” ele disse meio baixinho, mas eu continuei apertando os ombros dele. “Ta tão ruim assim?” eu perguntei, e ele ia se soltando e disse “Não, mas é melhor a gente parar senão você fica pensando coisas...” e riu. Eu abaixei, sem tirar as mãos de seus ombros, apertando-os ainda levemente. E sussurrei em seu ouvido: “Fica calmo, eu não vou além de onde você deixar. Fecha os olhos e sente meu toque como se fosse o toque da pessoa que mais te deseja no mundo, o toque de alguém que já se foi, ou de alguém que você anseia que ainda virá. Sinta o toque cheio de ternura, ainda que tingido de desejo. O toque de alguém que te admira, ainda que saiba que você é um dos inatingíveis...” Ele ficou em silêncio. Até eu tinha me assustado com essas palavras, de onde tinha vindo tudo aquilo? Ao dizer essas coisas tão perto dele, percebi que conseguia sentir o cheiro que emanava da sua pele, o calor do pescoço descoberto. Minhas mãos continuavam em movimentos contínuos em seus ombros, mas eu tentava dar conta de uma região maior e aumentava o círculo a cada apertada que agora se confundia com afagos. Continuei naquela posição, com a boca perto de sua orelha, só conseguindo ficar curvado, sem dizer nada. Vi que ele mantinha os olhos fechados, como eu havia pedido. Comecei a aproximar meu rosto do pescoço dele e encostei a ponta do nariz na sua nuca. Comecei a passear com o nariz naquele pescoço e percebi que ele estava sobressaltado. “Quer que eu pare?” disse quase num suspiro, mas ele parecia em transe. Ele deveria ter percebido no meu tom de voz uma súplica de que queria continuar. Nesse ponto, já havia transformado os apertos em afagos que tomavam toda a região das omoplatas e na frente chegavam perto dos mamilos. Foi exatamente neles que eu parei os afagos e comecei a sentir um e outro, por cima da camiseta. Saia também do pescoço e expandia meu toque nasal pelo seu rosto áspero de barba, mas muito cheiroso. Ele abriu os olhos assustado, no momento em que meu nariz tocava seus lábios, e começou: “Meu, é melhor...”, mas ele foi interrompido no momento em meus lábios se colavam aos dele. Ele se sentiu bastante desconfortável. Seu corpo todo retesou na cadeira, e achei que ele fosse me repelir, mas senti sua língua quente penetrando na minha boca, explorando timidamente, como se ele quisesse se livrar logo daquilo ainda que pelo sim e não pelo não.
Percebi que inconscientemente tinha saído da minha posição curvado atrás dele e havia o contornado, parando do seu lado. E aquele beijo que continuava, e minhas mãos sentindo cada centímetro possível de seu torso, buscando alcançar a barra de sua camiseta. Assim que senti sua pele queimar minha mão, outro sobressalto. Sua pele, nem lisinha, nem peluda, um misto dos dois, um meio do caminho, onde o que havia sido aparado tornava a crescer, foi me levando até o umbigo tocando tudo levemente com as pontas dos dedos, como se tivesse medo de quebrar. Ele parou o beijo e sorriu desconcertado. Achei que tinha ido longe demais e ouvi ele dizer “Pronto, né? Tá feliz agora?” Eu olhei pra ele, bem no fundo dos olhos, e não ousei abrir a boca, mas era evidente que eu queria mais. Ele mexeu os braços que até aquele momento pareciam mortos e paralelos ao corpo, tão diferente dos meus tentáculos impacientes. Ele me empurrou levemente e levantou. Parecia que tinha sido bom enquanto havia durado aquele momento todo, mas ao invés disso ele me pegou pelo braço e sem olhar mais nos meus olhos, sem dizer sequer uma palavra, foi me conduzindo até a sala de TV. Ele encostou-se à parede e falou “Eu devo estar louco” e me puxou pra junto dele. Eu comecei a queimar de excitação, e agora como alguém que já conhece o caminho, fui levando minha mão pra dentro da camiseta dele, levantando-a ao máximo e sentindo cada centímetro de pele. Minha cabeça rodava e eu não sentia mais nenhuma resistência por parte dele. Seus beijos, cheios de desejo, mas com uma pitada de culpa me faziam querer mais e mais que aquele momento durasse eternamente.
Sentia que como eu, ele também estava excitado, mas tinha medo de querer demais e estragar aquele momento, trazendo ele de volta à realidade. Mas não conseguia deixar de ousar já que a cabeça de cima já não era quem determinava o processo. Fui explorando e pus a mão onde sentia o pulsar daquele membro que havia acabado de dar sinal de vida. E como o esperado, outro sobressalto. Tirei a mão, sem interromper o beijo e senti a mão dele pegando minha mão e reconduzindo até onde ela tinha estado.
Ainda assim, não satisfeito e dono de uma vontade estranha de não me contentar com o que as roupas omitem, decidi, novamente num movimento ousado, depois de apenas alguns segundos, abaixar seu zíper. No momento em que comecei, não houve sobressalto, mas ele parou. Gelei e pensei: “ferrei tudo.” Ele me olhou sério e falou “Pô, isso não! Já não tá bom assim?” Quem tinha ficado desconcertado era eu, olhei pra ele e num tom misto de criança mimada e general do exército, exigi “Deixa só eu vê-lo!?” Ele ponderou por alguns segundos e, resignado, como se fosse sua única opção, ele mesmo abriu a calça e terminou de baixar o zíper. Ainda na cueca, mas por estar duro, não conseguindo ser contido por ela, então escapando por cima, lá estava ele. “Pronto?” ele perguntou impacientemente. Eu tremi e minhas pernas amoleceram. Senti que precisava ver aquilo de perto e cai de joelhos. Senti que era minha obrigação livrá-lo daquela situação desconfortável e puxei a cueca, e eis um belo membro, apontando pro lado, tortinho, durinho, fino e não tão comprido, pontudo, com os pêlos aparados, quase nu. Fui me aproximando mais e abrindo a boca, sentindo o cheiro exótico de urina, suor e um pouco da babinha que escorria pela glande.
Ele segurou minha cabeça com uma das mãos. Eu olhei pra cima o fuzilando e não encontrei o sorriso de sempre. Ele estava bravo: “Por que não ir além se eu já cheguei tão longe?” “Porque não, oras! Não sou igual a você” respondeu ele, rispidamente. “Me conceda o benefício da dúvida. Alguns segundos e se você não gostar eu paro na hora.” disse em tom de desafio e presunção. Ele balançou a cabeça negativamente, mas ele bobeou e se distraiu. Aproveitei a oportunidade quando a resistência dele tinha diminuído e, num movimento rápido, abocanhei aquele pinto que já estava meia-bomba. Como esperado senti um sobressalto e um “Não!” que havia começado enfático e morria quase que num gemido. Não há modo de reagir mal à invasão de algo macio e quente. Minha excitação tinha chegado a tal ponto que eu parecia estar febril. E quanto mais os movimentos se tornavam constantes e abrangentes, engolindo cada milímetro a mais que na vez anterior, menor se tornava sua resistência. Eu tenho que admitir que sou bom nisso, e me esmerava pra fazer cada vez melhor e mais prazeroso. Sem me distrair do vai-e-vem, olhei pra cima com o rabo dos olhos e percebi que em seu rosto se imprimia uma luta interna: ele sentia-se mal por estar ali, certa culpa, mas sua expressão tingia-se de prazer, de desejo. Nesse momento, eu não podia fazer nenhum movimento errado, senão eu quebraria o delicado equilíbrio, e uma raspada de dente significaria acordá-lo do transe e acabar com tudo. Decidi parar os movimentos e ousar com malabarismos com a língua. Passava ela por toda a extensão do pinto, com movimentos circulares na glande. Os meus joelhos doíam e eu percebia que a posição estava desconfortável para ele também, que se apoiava precariamente na parede ainda, mas não podia fazer nenhum movimento brusco, e aguentei firme. Desci a língua até o saco, um lugar até então pouco explorado e percebi que ele não tinha muitas experiências com estimulações ali por causa da reação que teve. Normalmente, não é um lugar que as mulheres buscam explorar. Enquanto minha língua passeava livremente, mas rápida, minha mão cuidava para que nada fosse deixado de lado e eu o masturbava calmamente e até cheguei a mordiscar suas coxas. Sua mão, que havia me segurado antes, havia se fechado em um chumaço de cabelos ao qual ele se agarrava conduzindo-me para onde eu o estimulara melhor. Decidi voltar a chupá-lo enquanto beliscava levemente seu saco. Fui aumentando a intensidade e o masturbando com uma das mãos ele falou “vou gozar”, mas isso não fez com que eu parasse, e sim intensificasse os movimentos.
Quando senti os espasmos, tirei a boca e encostei a glande na minha bochecha. Senti o líquido quente vertendo em jatos curtos e escorrendo pela minha bochecha e queixo. Ele se arqueava e fiquei com medo que ele fosse cair. Levantei e sorri pra ele. Vi que ele estava muito envergonhado. Fui até o banheiro e lavei o rosto. Peguei um pouco de papel para secar as gotas que haviam sujado o chão e quando voltei, ele já não estava mais lá. Estava na secretaria, de mochila nas costas. “Vamos?” ele disse, como se nada tivesse acontecido. Eu olhei pra ele. Ele desviou o olhar. Me aproximei para dar um abraço. Sei que o que tinha acontecido ia ser bem difícil pra ele digerir. Ele percebeu meu movimento e estendeu a mão. Fiquei imóvel por alguns segundos. Suspirei e apertei a mão dele. “Até sábado que vem e não se esquece de fazer as tarefas.”

terça-feira, 13 de abril de 2010

Renúncias - Rafael

primeiramente publicado em 03-08-2008

ATENÇÃO - este post possui conteúdo erótico. Antes de lê-lo, recomendo que leia o Introito

Provavelmente hoje seria mais um dia de aula como qualquer outro. Como de costume, ele chegaria atrasado e eu teria que lhe infringir algum castigo, de modo que ele aprendesse a chegar na hora. Isso já havia sido conversado entre a gente. Ele disse que tudo bem se eu quisesse inventar algum castigo porque ele faria e tudo bem. Mas como lidar com essa possibilidade de poder exercitar poder indistintamente, e a ainda manter o bom-senso de não dar vazão aos meus instintos?
De qualquer forma, eu deveria manter um certo distanciamento, exigindo alguma bobagem e fixando-me naquilo que realmente importava. O castigo era mais que uma punição para ele, era para mim uma chance de quebrar com as convenções e sofrer as conseqüências internas e externas disso: eu morria de medo de pedir algo que pudesse desestabilizá-lo, e mostrar que além de eu ter poder sobre ele, o que estava implícito na minha possibilidade de exigir o pagamento de um castigo, era o poder que ele exercia sobre mim.
Será que ele notava que era existente ou genuíno meu desejo? Pelas suas pernas, pelo seu torso, pela sua boca? Que eu sentia falta da sua imagem e do seu toque quente, quando eventualmente nossas peles se tocavam num reles aperto de mão? Sua juventude esbelta e despreocupada, sua sexualidade pungente e saltitante, seu medo daquilo que desconhecia, mas que era tão apelativo. Meu medo.
"Hi teacher! Sorry I am late". Quase vinte minutos de atraso. Eu olhei para ele de forma que seu rubor já mostrava que só pelo meu jeito de olhar, provavelmente eu aparentava estar bastante aborrecido. "What can I do? I have to give you a punishment for every five minutes, as we agreed."Mas por que hoje? Logo hoje que eu estava tão excitável, tão sensível na minha carência física e sentimental? Tão no cio, pra ser sincero. Todos aqueles pensamentos de momentos antes da sua chegada foram se mesclando com a visão dele ali tão perto, ao alcance dos braços e demorou alguns segundo para que eu conseguisse exteriorizar: "Take your shoes and socks off." Bom, de certa forma, conseguiria enganar meu desejo, ao poder ter acesso a algo que não podia ter em situações normais. Veria o pé dele e isso seria o bastante para deslocar o desejo para uma outra situação e, assim, poderia me enganar que havia sido satisfeito.
"That’s punishment number one." E ele rapidamente tirou as meias e os tênis. Havia mais três possibilidades de exigir certas coisas, porém não poderia pedir mais nenhum tipo de desnudamento, pois isso poderia conscientizá-lo do que eu queria de fato, e ainda não tinha elementos o suficiente para ter certeza que ele aceitaria jogar o meu jogo.
Pensando melhor eu até podia pedir sim um tipo de desnudamento que me fosse interessante ainda que não fosse um desnudamento em si. E tentei: "Put on your shirt inside out." Ele me olhou, como se não tivesse entendido o que eu havia pedido. Mostrei a parte de dentro da minha camiseta e fiz um sinal com a mão para que ele entendesse. Ele balançou a cabeça, fez um barulho com a língua, uma espécie de estralo e começou a tirar a camiseta. Eu teria apenas alguns segundos, entretanto pude mesmo observar atentamente aquele abdômen retinho, aquela pele branca e lisa. Até mesmo nas axilas ele parecia ter só alguns poucos pelos. Queria poder estender a mão e tocar naquela alvura, mas isso estava fora de cogitação. Ele terminou de ajeitar a blusa e sentou-se. Seria extremamente engraçado, para não dizer trágico se alguém entrasse naquele momento e visse aquilo: um menino com cabelo moicano, piercing, descalço, com a camiseta do avesso. Mas eu queria arriscar. Meu desejo crescia a cada segundo.
Não! Eu tinha que lutar contra ele. Tinha que perceber que aquela não era a hora nem o lugar. Que qualquer um podia entrar, apesar de que nas muitas aulas que eu já dera pra ele, ninguém tinha aparecido.
Tentei me sabotar. Gastando os castigos com bobagens, depois só teria que se ver só comigo na hora de castigar minha fraqueza, na hora de me arrepender.
You are going to stand on the chair. Open your arms and then stretch them upwards. Ten seconds.”
A passividade silente e obediente me excitava de uma forma que eu nunca havia experimentado antes. Sentia o poder não em termos de força, mas em termos de permissão. Ele me permitia ir além do que eu ousaria, do que essa merda de sociedade aceitaria. Ele estava me deixando com raiva de que tudo não pudesse ser fácil assim. Mas, isso eram apenas migalhas.
Ele subiu na cadeira e esticou os braços em direção ao teto. Ao fazer isso, comecei a contar “One, Two...” Observava que a camiseta dele subia um pouco e deixava a mostra seu umbigo, e o caminho de pêlos clarinhos que subia desde o elástico de sua cueca. “Three... Four...” Sua calça, como dita a moda caindo, quase deixando a mostra toda aquela cueca azul. Não podia afirmar que estava olhando para um grande volume, mas vislumbrava as marcas dele ali. “Five... Six” Decido esticar a mão e tocar aquela carne, mas como não o assustar? Vou me restringir ao caminho de pêlos. “Seven... Eight...” Encosto de leve meu dedo no seu umbigo, movimento este que chama a atenção dele, que olha pra baixo e já meio desce os braços, como numa tentativa de se proteger. Ele não tinha se percebido tão vulnerável. Desci o dedo do umbigo, bem de leve, quase que não o tocando até o elástico da cueca, e sem tocá-la, tirei o dedo e recolhi o braço e me ouvi dizendo: “Nine... Ten”.
Ele desceu da cadeira e me olhava fixamente. Um olhar curioso, mas ao mesmo tempo, diferente daquele de quando ele havia subido.
Last one, please” ele disse e abriu seu sorriso.
Então, seria só coisa da minha cabeça ou ele tinha de fato percebido o que eu queria? Era agora ou nunca. Deveria eu tentar uma abordagem direta ou uma forma velada de pedido?
I want you to show me your dick. Hard.”
Ele pareceu não entender e me encarou por alguns segundos. Daí, ele apontou para a cueca e fez uma cara de surpresa. “Você quer ver...” e ficou calado. Respondi em inglês “Yes. Now.” A surpresa dele deu lugar ao que parecia ser aborrecimento. “Não.” Eu decidi partir pro ataque. “Nunca disse que a punição deveria ser fácil. Você tem medo ou vergonha de mostrar o que tem?”
Ele fechou a cara. Achei que ele fosse sair da sala, me expor. Ele baixou a cabeça e colocou a mão na cueca.
Percebi que ele, sem colocar pra fora, começava a lentamente apertar e manipular e acordar o que estava adormecido. Ele não olhava pra mim e parecia querer fazer aquilo o mais rápido possível, pra que pudesse se livrar da situação. The only way out is through, como diria a Alanis. Eu me dirigi até a porta e me encostei contra ela. Ele continuava focado em si e nos movimentos que estava fazendo. Via a mão dele subindo e descendo por dentro da sua calça e ele olhou pra mim. Não consegui ler este olhar rápido. “Tá ruim?” eu perguntei. Ele não respondeu. Com a outra mão livre, ele desceu a calça e a cueca, de uma forma a revelar seu pinto já ereto, maior do que eu supunha ser, mas não grande. Olhei para a porta. Não havia trava, mas queria poder ver de mais perto. Desencostei e fui me aproximando dele. Ao ver que eu me aproximava, ele voltou a puxar a cueca e eu disse “Eu não estava enxergando direito ali de longe. Prometo que não vou pôr a mão. Deixa só eu ver de perto, por favor”
Ele lançou um olhar meio suspeito para mim, depois para porta e, passados alguns segundos, levou mão à cueca e num rápido movimento ele colocou pra fora de novo. Suspirei. Ele já estava ficando mole. Falei pra ele “deixa ele duro de novo?” Ele fez um círculo com o polegar e o indicador e foi lentamente puxando pra cima e pra baixo. Eu devorava aquilo com os olhos e não ousava colocar as mãos. Ele ia fazendo bem devargarzinho, e a pelinha deixava a glande ora visível ora escondida. Ele foi continuando, e eu pedi “faz mais rápido”. Eu estava extremamente excitado e meu pau pedia pra ser libertado, ele queria respirar um ar e participar da ação, mas eu não poderia colocar pra fora sem assustá-lo. Decidi ficar apenas observando, até que ele percebeu o que ia acontecer e parou, de repente. Ele estava cor de rosa. Seus lábios meio abertos, eu sentia o calor emanando dele perto de mim e sentia um fraco cheiro de suor. Ele puxou a cueca de novo, mas percebi que o pau continuava a se mexer e pela forma com que ele se largou na carteira que ele havia gozado. Fiquei encarando a cueca dele pra ver se conseguia vê-la se molhar, mas ele percebeu e puxou a camiseta pra cobrir tudo. Isso foi como um sinal. Eu me levantei e disse “on page 35 we have two examples of...”

Introito ao que está por vir, ou prelúdio às Renúncias

Segundo alguns, a arte tem uma função. Essa função, em linhas bem gerais, num resumo bem tosco, é que ela seria um ato social simbólico. Ou seja, ela serve a um propósito de “resolver” certas questões de uma forma que não seria possível na realidade. Assim, um dia eu me deparei com um problema e não conseguia imaginar um outro modo de solucionar o dilema senão através da arte. Decidi, então, escrever a série Renúncias. Cada conto deveria ser uma forma de materializar meu desejo, dar vazão a ele e, assim, transcendê-lo.
Com o passar do tempo, mesmo não tendo terminado os contos, minha vida foi mudando e as perguntas mudaram, o modo de respondê-las também, mas ainda assim, queria dar vazão às idéias que tinham se formado de maneira tão nítida na minha mente.
Nada do que escrevo aconteceu de verdade. Nem poderia. Mera criação de uma mente insatisfeita com o mundo... Escravo de seus desejos, mas com tanta liberdade quanto um escravo para exercer sua vontade, dependente da ética libidinal alheia, hegemônica. Ou apenas um egoísta despeitado. Escolha a definição que melhor lhe aprouver.
Estes textos, mais do que quaisquer outros revelam o que existe de mais torpe em mim. Mexo com tabus, com uma linguagem “estranha”, até este momento, já que ela pra mim tem mais a ver com uma práxis do que com uma teoria. Sou explícito. Oscar Wildeanamente explícito (sem pretensões de ser igualmente talentoso). Estas são as verdadeiras notas do cárcere que sou eu.
A cada conto, fui tentando mudar, brincar com o estilo, com a expectativa de um possível leitor, e com as minhas próprias.
Cada conto terá o nome daquele a quem se refere ou uma brincadeira com esse nome: um anagrama, um trocadilho.