Segundo alguns, a arte tem uma função. Essa função, em linhas bem gerais, num resumo bem tosco, é que ela seria um ato social simbólico. Ou seja, ela serve a um propósito de “resolver” certas questões de uma forma que não seria possível na realidade. Assim, um dia eu me deparei com um problema e não conseguia imaginar um outro modo de solucionar o dilema senão através da arte. Decidi, então, escrever a série Renúncias. Cada conto deveria ser uma forma de materializar meu desejo, dar vazão a ele e, assim, transcendê-lo.
Com o passar do tempo, mesmo não tendo terminado os contos, minha vida foi mudando e as perguntas mudaram, o modo de respondê-las também, mas ainda assim, queria dar vazão às idéias que tinham se formado de maneira tão nítida na minha mente.
Nada do que escrevo aconteceu de verdade. Nem poderia. Mera criação de uma mente insatisfeita com o mundo... Escravo de seus desejos, mas com tanta liberdade quanto um escravo para exercer sua vontade, dependente da ética libidinal alheia, hegemônica. Ou apenas um egoísta despeitado. Escolha a definição que melhor lhe aprouver.
Estes textos, mais do que quaisquer outros revelam o que existe de mais torpe em mim. Mexo com tabus, com uma linguagem “estranha”, até este momento, já que ela pra mim tem mais a ver com uma práxis do que com uma teoria. Sou explícito. Oscar Wildeanamente explícito (sem pretensões de ser igualmente talentoso). Estas são as verdadeiras notas do cárcere que sou eu.
A cada conto, fui tentando mudar, brincar com o estilo, com a expectativa de um possível leitor, e com as minhas próprias.
Cada conto terá o nome daquele a quem se refere ou uma brincadeira com esse nome: um anagrama, um trocadilho.
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